sábado, 4 de julho de 2015

Artigo sobre a atual conjuntura nacional


Como bem disse o blogueiro Aldo Della Monica, ninguém em sã consciência pode ser a favor das agressões preconceituosos e nojentas feitas à Maria Júlia, a “mulher do tempo” da Rede Globo: “a motivação de tais agressões surge no mesmo terreno lamacento que gerou, ainda esta semana, a imagem desrespeitosamente pornográfica de Dilma adesivada em automóveis de alguns idiotinhas”.
Sim, a Globo precisava defender sua repórter, por óbvio; não obstante, por ser fruto do mesmo imaginário fascista, a agressão dirigida à presidenta Dilma Rousseff deveria ter merecido do Jornal Nacional e do seu apresentador o mesmo discurso de repúdio e lamentação utilizado no caso de Maju. Mas não. As agressões a Dilma praticamente se sucedem sem serem denunciadas pelos canais de comunicação. A mídia golpista já chocou os ovos da serpentes e os filhotes estão por aí, soltos ao léu. E não fala nada! Anteontem eu mesma não agüentei e soltei o verbo em um grupo de Whats App que tem por função vender pacotes de viagens - não é que uma madame postou aquelas agressões que o moleque fez com Dilma nos EUA e ainda achou o máximo? Ah, aí eu risquei faca mesmo.
Faz tempo que avisamos: o Brasil está passando por um momento muito delicado e basta mais alguns fósforos acesos pra isso aqui explodir! É inadmissível o que fizeram com a imagem da nossa mandatária, através de adesivos inomináveis. Logo depois,veio o revoltado on line, que conseguiu furar a segurança da presidenta nos EUA e gritou todos os tipos de impropérios contra a mesma; agora, vem as ofensas dirigidas à jornalista global Maju Coutinho. 
Será que o Brasil mudou ou apenas o brasileiro está mostrando a sua verdadeira face? Eu fico com a última opção. Após o advento das redes sociais, onde cada um de nós é antena receptora e repetidora, os nossos preconceitos e a nossa podridão social vieram à tona com uma força tal que já não cabem nos lares e ganham as ruas. Se tudo isso já não bastasse, temos de sobra os programas no pior estilo “Datena” para destilar o desejo do “prende, bate e mate”.
Kiko Nogueira, em artigo recente, alerta: “o revoltado on line que assediou Dilma em sua visita aos EUA é mais um caso em que cabe a pergunta: falta uma tragédia ocorrer para alguém tomar uma atitude?” E complementa: “O resultado de uma nação em que um policial federal pratica tiro ao alvo com uma foto da presidente e é parabenizado. Em que um apresentador de TV milionário, que passa boa parte do ano em Miami, faz discursos para seu público dominical dizendo que a única coisa organizada no Brasil é o crime e que somos o lugar da desesperança. Em que alguém considera normal vender um adesivo de carro com uma sexagenária de pernas abertas. Se for a mãe dele, tudo bem. Se for a presidente, dane-se”.
E se Paulo Nogueira e demais cronistas não bradassem por providências, talvez os autores do adesivo que fere não só a dignidade da presidenta, mas de todas nós mulheres, não sofreriam quaisquer conseqüências legais. Nogueira lembrou, com propriedade: “Em que país civilizado você pode fazer esse tipo de coisa sem correr o risco de dormir na prisão por assédio moral e agressão? É tal a impunidade da direita que mentecaptos saem às ruas para pedir nada menos que o retorno da ditadura militar”.
Ultimamente observamos um barco à deriva chamado Brasil, onde a Constituição Federal, a nossa âncora segura, foi destruída pelo presidente da Câmara dos Deputados que, se depender da vontade de Cassio Cunha Lima e Aécio Neves, será presidente do País depois do golpe que estão preparando para depor a presidenta. Se vão conseguir perpetrar o golpe? Vai depender apenas das articulações que estão fazendo com a turma do Judiciário.
Aí eu lembro do velho e bom Tim Maia, e grito pelo síndico! Mas nem bem meu grito ecoa, já emudeço, pois vejo que não há ninguém para acudir a situação; o Poder Legislativo conseguiu produzir uma corja como nunca antes se viu na nossa República – mas todos estão lá com os nossos votos, é bom lembrar. O Poder Judiciário assumiu que tem e sempre teve um lado, e o seu lado é o daqueles que lutam para manter os privilégios conquistados ao longo de mais de 500 anos de depredação e roubo desse rico e imenso país. Já o Executivo jaz inerte, mudo: parece que sentiu o coice e não quer se levantar.
Uma amiga me diz que sou muito “apocalíptica”; neste momento estou desejando ser apenas exagerada, pois se mais alguns fósforos forem acesos, o barril de pólvora vai subir pelos ares e as serpentes fascistas, já criadas, darão a tônica desses novos e sombrios tempos. Apenas que tudo isso cansa e causa desesperança. Agora, só nos resta observar e aguardar.


* Fabiana Agra é advogada e jornalista

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