Como bem disse o blogueiro Aldo Della
Monica, ninguém em sã consciência pode ser a favor das agressões
preconceituosos e nojentas feitas à Maria Júlia, a “mulher do tempo” da Rede
Globo: “a motivação de tais agressões surge no mesmo terreno lamacento que gerou,
ainda esta semana, a imagem desrespeitosamente pornográfica de Dilma adesivada
em automóveis de alguns idiotinhas”.
Sim, a Globo precisava defender sua
repórter, por óbvio; não obstante, por ser fruto do mesmo imaginário fascista,
a agressão dirigida à presidenta Dilma Rousseff deveria ter merecido do Jornal
Nacional e do seu apresentador o mesmo discurso de repúdio e lamentação
utilizado no caso de Maju. Mas não. As agressões a Dilma praticamente se
sucedem sem serem denunciadas pelos canais de comunicação. A mídia golpista já
chocou os ovos da serpentes e os filhotes estão por aí, soltos ao léu. E não
fala nada! Anteontem eu mesma não agüentei e soltei o verbo em um grupo de
Whats App que tem por
função vender pacotes de viagens - não é que uma madame postou aquelas
agressões que o moleque fez com Dilma nos EUA e ainda achou o máximo? Ah, aí eu
risquei faca mesmo.
Faz tempo que
avisamos: o Brasil está passando por um momento muito delicado e basta mais
alguns fósforos acesos pra isso aqui explodir! É inadmissível o que fizeram com
a imagem da nossa mandatária, através de adesivos inomináveis. Logo depois,veio
o revoltado on line, que conseguiu furar a segurança da presidenta nos EUA e
gritou todos os tipos de impropérios contra a mesma; agora, vem as ofensas
dirigidas à jornalista global Maju Coutinho.
Será que o
Brasil mudou ou apenas o brasileiro está mostrando a sua verdadeira face? Eu fico
com a última opção. Após o advento das redes sociais, onde cada um de nós é
antena receptora e repetidora, os nossos preconceitos e a nossa podridão social
vieram à tona com uma força tal que já não cabem nos lares e ganham as ruas. Se
tudo isso já não bastasse, temos de sobra os programas no pior estilo “Datena”
para destilar o desejo do “prende, bate e mate”.
Kiko Nogueira,
em artigo recente, alerta: “o
revoltado on line que assediou Dilma em sua visita aos EUA é mais um caso em
que cabe a pergunta: falta uma tragédia ocorrer para alguém tomar uma atitude?”
E complementa: “O resultado de uma nação em que um policial federal pratica
tiro ao alvo com uma foto da presidente e é parabenizado. Em que um
apresentador de TV milionário, que passa boa parte do ano em Miami, faz
discursos para seu público dominical dizendo que a única coisa organizada no
Brasil é o crime e que somos o lugar da desesperança. Em que alguém considera
normal vender um adesivo de carro com uma sexagenária de pernas abertas. Se for
a mãe dele, tudo bem. Se for a presidente, dane-se”.
E se Paulo Nogueira e demais cronistas não bradassem por
providências, talvez os autores do adesivo que fere não só a dignidade da
presidenta, mas de todas nós mulheres, não sofreriam quaisquer conseqüências legais.
Nogueira lembrou, com propriedade: “Em que país civilizado você pode fazer
esse tipo de coisa sem correr o risco de dormir na prisão por assédio moral e
agressão? É tal a impunidade da direita que mentecaptos saem às ruas para pedir
nada menos que o retorno da ditadura militar”.
Ultimamente observamos um barco à
deriva chamado Brasil, onde a Constituição Federal, a nossa âncora segura, foi
destruída pelo presidente da Câmara dos Deputados que, se depender da vontade
de Cassio Cunha Lima e Aécio Neves, será presidente do País depois
do golpe que estão preparando para depor a presidenta. Se vão conseguir
perpetrar o golpe? Vai depender apenas das articulações que estão fazendo com a
turma do Judiciário.
Aí eu lembro do velho e bom Tim Maia,
e grito pelo síndico! Mas nem bem meu grito ecoa, já emudeço, pois vejo que não
há ninguém para acudir a situação; o Poder Legislativo conseguiu produzir uma
corja como nunca antes se viu na nossa República – mas todos estão lá com os
nossos votos, é bom lembrar. O Poder Judiciário assumiu que tem e sempre teve
um lado, e o seu lado é o daqueles que lutam para manter os privilégios
conquistados ao longo de mais de 500 anos de depredação e roubo desse rico e
imenso país. Já o Executivo jaz inerte, mudo: parece que sentiu o coice e não
quer se levantar.
Uma amiga me diz que sou muito “apocalíptica”;
neste momento estou desejando ser apenas exagerada, pois se mais alguns
fósforos forem acesos, o barril de pólvora vai subir pelos ares e as serpentes
fascistas, já criadas, darão a tônica desses novos e sombrios tempos. Apenas
que tudo isso cansa e causa desesperança. Agora, só nos resta observar e
aguardar.
* Fabiana Agra é advogada e jornalista
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