A marca nacionalmente conhecida do “Picolé Caseiro de
Picui” surgiu em 1990, através de iniciativa da picuiense Joselma Oliveira que,
para ajudar nas despesas da família, resolveu aproveitar a receita caseira do
picolé que sua genitora, Severina de Basto, vendia em na própria casa,
localizada próxima à cadeia de Picuí, e que fora inventada por Lourdes de
Marcos. A empresa “Picolé Caseiro” surgiu no ano de 1990, em Currais Novos e Joselma
lembra que sua primeira produção – apenas 30 picolés – foi armazenada em um
pequeno isopor e vendida por ela na feira livre da
cidade. Tempos depois, Joselma teve a ideia de criar um picolé que se adequasse
melhor ao formato da boca – assim surgiu a forma do “picolé cônico”. Com o
crescimento da demanda pelo produto, a proprietária percebeu que deveria
expandir seus negócios, aumentando a produção e o raio de distribuição, e
transferiu as instalações da fábrica inicialmente para Assú e depois para Mossoró.
Somente a partir do ano de 1994, a empresa migrou sua produção para o município
de Fortaleza, capital do Ceará, iniciando uma nova fase. Em 1997, surgiu a
necessidade da criação de uma marca própria, provocada pela expansão do mercado
– a empresa mudou a marca e o nome deixou de ser “Picolé Caseiro” para se
transformar na “Pardal Sorvetes”, que atualmente é referência nacional em
termos de infraestrutura para a indústria de sorvetes.
Após o sucesso dos picolés caseiros de Joselma, a ideia
se espalhou entre dezenas de empreendedores picuienses e nos dias de hoje, praticamente
em todos os estados do nordeste há picolés fabricados por empresas “made in
Picuí”, que são comercializados nas principais redes de supermercados e varejo
das capitais, regiões metropolitanas e em
algumas cidades do interior nordestino – e até na cidade de Santos, no estado
de São Paulo. Para atender à procura pelo produto, mais de 30 empresas, quase todas
tendo picuienses como proprietários, investem pesado na estrutura de seus
negócios, com vistas a atender outras regiões. Atualmente, essas indústrias
empregam direta e indiretamente cerca de oito mil famílias, que vão desde os
empregados das fábricas até os vendedores que empurram os carrinhos de picolés
pelas ruas e praias nordestinas.
Devido à importância socioeconômica das fábricas de
picolés para o município de Picuí, no ano de 2000 o também picuiense José
Onildo de Negreiros teve a iniciativa de criar a “Festa do Picolé”, como forma
de homenagear e divulgar, no cenário nacional, o nome do município como sendo a
“Terra do Picolé Caseiro”. O evento se mostrou um grande sucesso, chegando mesmo
a ser incluído no calendário de eventos turísticos do estado da Paraíba. O festival
foi realizado nos anos de 2000, 2001 e 2002 na cidade de Picuí e o ponto alto
da festa era a degustação de um picolé gigante, que era produzido pela “Pardal
Sorvetes”, tendo inclusive quebrado o recorde do maior picolé já fabricado, que
pesava algumas centenas de quilos e foi devorado em questão de minutos pelos
participantes da festa. Porém, em razão da falta de apoio financeiro dos órgãos
governamentais, e talvez pela falta de engajamento dos demais fabricantes de
picolés, a festa deixou de ser realizada.
Apesar do governo municipal nunca ter divulgado
adequadamente a importância do “Picolé Caseiro de Picuí” para a economia
picuiense, é preciso que lembremos das dezenas de empreendedores que saíram do
nosso município e que hoje empregam centenas de conterrâneos, ajudando à
economia do município. Eu arrisco a dizer que a atividade hoje, economicamente
falando, é bem mais rentável do que os restaurantes de carne de sol de Picuí,
igualmente espalhados pelo nordeste e em algumas cidades do sudeste brasileiro.
Então, chegou a hora de fazermos justiça: Picuí não é
somente a “terra da carne-de- sol”: Picuí também é a terra do minério e do
picolé! Picuí tem muito mais para oferecer à economia e ao turismo da região do
seridó – e por que não dizer, do nordeste brasileiro. Para tanto, é preciso que
o Poder Público e o povo picuiense comecem a investir no tripé “carne-de-sol – minério
– picolé” como elementos-chave para o desenvolvimento do município. É preciso
que seja criada, quem sabe, a “Festa do Minério” e que a “Festa do Picolé” possa
ser reeditada para que, ao lado do “Festival da Carne de Sol”, o nome de PICUÍ
possa ser divulgado cada vez mais pelo Brasil afora, trazendo retorno econômico
e incrementando o turismo da nossa terra.
* Fabiana Agra é advogada, jornalista e escritora.
Fontes:
Texto
de José Onildo de Negreiros
Facebook de Pardal Sorvetes https://www.facebook.com/PardalSorvetes/info
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