terça-feira, 19 de agosto de 2014

ARTIGO


     O comportamento social foi modificado abruptamente após o boom das redes sociais. Hoje, principalmente o Facebook e o Twitter, influenciam das relações amorosas e entre amigos às escolhas profissionais; das formas de reivindicar direitos às exibições artísticas e culturais. Influenciam, principalmente, na forma de se comunicar. A cena mais comum atualmente – eu aqui me incluo – é essa: você está em um restaurante “da moda” e pede o prato mais bambambam do cardápio; quando ele chega, pega o smartphone, fotografa a comida e imediatamente compartilha em redes sociais diversas esperando pelas "curtidas" dos amigos. É ou não é dessa forma?
     Se a mudança apenas no modo de se comportar frente a um prato de comida fosse a mais significativa, até aí estaria tudo mais ou menos. Mas não; o que estamos assistindo atualmente nas redes sociais é a escalada sem igual da “cultura do ódio” gratuito e indiscriminado, a qualquer coisa ou pessoa da qual se discorda. E a tragédia com Eduardo Campos trouxe consigo manifestações que ultrapassam qualquer limite do aceitável, senão vejamos.
    Um pastor chamado Daniel Vieira, de um tal “Congresso dos Gideões Missionários da Última Hora”, ligado a Silas Malafaia, espalhou nas redes sociais: “Morre Eduardo Campos, candidato a presidente. Hoje são 13, numero do PT. Deveria ter levado a DILMA!”. Apagou em seguida, com um pedido de desculpas ignóbil.
     Já Daniela Schwery, eterna “candidata” a qualquer cargo no PSDB em São Paulo (atualmente, a deputada estadual) conseguiu ir além; troladora oficial do partido (uma espécie de “Tiririca fascista”, segundo o blogueiro Kiko Nogueira), sua única bandeira e missão de vida é ser antipetralha e “antiesquerdopata.” Schwery conseguiu forjar um meme de Dilma Bolada (“Pra descer todo santos ajuda”) e então se pôs a despejar uma série de acusações. “PT em festa”; “Celso Daniel eliminado; Toninho do PT eliminado…” Nenhuma mensagem de condolência à família, nenhum sinal de respeito.
   Quando não se esperava mais nada, Roger, do Ultraje, conseguiu novamente se superar, horas depois de chamar Marcelo Rubens Paiva de “bosta” e declarar que o pai do escritor, Rubens Paiva, morreu “defendendo o comunismo”. Desta vez, Roger foi desrespeitoso e patético, ao se referir à repercussão da morte de Eduardo Campos: “Pronto, vai virar santo. E herói”. Esses últimos dias tem sido — e infelizmente, continuarão sendo — dias ricos em estupidez, maldade e desumanidade, a desfilarem nas redes sociais, a serem compartilhados por milhares de incautos.
    Aqui um parêntese, mais do que oportuno: uma das características mais marcantes da forma de se comunicar nas redes sociais é a exaltação. "Boa parte dos usuários de redes sociais costuma deixar o superego (consciência moral) de lado, especialmente quando emitem opiniões e debatem, de forma raramente ponderada, assuntos ligados a futebol, religião, política e 'BBB'. É por isso que se costuma dizer que, em sites como Twitter e Facebook, todo embate de ideias vira um Fla-Flu de opiniões acaloradas", disse Alexandre Inagaki, consultor em comunicação e marketing digital. A marca registrada nas redes sociais é a vontade de compartilhar tudo o tempo todo. Inagaki atribui isso a dois fatores: à carência e ao fato de as fronteiras entre o online e o offline estarem cada vez mais dissipadas. "Nesse comportamento há uma certa 'bigbrotherização' de nossas vidas", diz. O jornalista explica que, ao publicar um conteúdo, você espera que outras pessoas curtam, compartilhem, comentem a sua postagem. "E quanto mais coisas você posta em redes sociais, maior é a possibilidade de que você ganhe mais amigos e seguidores, aumentando seu status online", conclui.
  Outro comportamento comum nas redes é a autopropaganda: as pessoas sempre parecem mais felizes, ricas, satisfeitas e bem dispostas no mundo virtual, já que cada um de nós aprende logo a postar apenas o que consideramos o melhor de nós. "Em vez de "instagramarem" café da manhã com pão requentado, preferem exibir para seus seguidores fotos da viagem que fizeram ao exterior ou do jantar no restaurante da moda", afirma Alexandre. Para ele, esse comportamento mais exacerbado ou exibicionista nada mais é do que uma "lente de aumento da vida offline".       "Todas as qualidades e defeitos da sociedade aparecem de forma mais nítida nas redes sociais. Uma pessoa pode até tentar escamotear seus defeitos, como alguém que se produz todo para um primeiro encontro ou uma festa, mas, mais cedo ou mais tarde, eles aparecem".
  Todavia, o preocupante, mesmo, é a forma como estão sendo banalizadas e brutalizadas as dores mais íntimas de cada um, principalmente dos famosos e celebridades, nas redes sociais. Zelda Williams, filha de Robin Williams, decidiu se afastar das redes sociais, incomodada por brincadeiras de mau gosto na internet após a morte do pai. "Eu deixarei esta conta por um tempo enquanto me recupero e decido se devo ou não deletá-la", escreveu Zelda. A filha de Williams expressou sua frustração pela forma como fotos de família que ela postou online foram usadas e pela forma como brincadeiras de mau gosto na internet a atacaram. 
    De tudo o que já foi dito, chega-se a uma rápida mas pontual conclusão: a sociedade atual e, por conseguinte, os seus jovens e profissionais, passam por uma forte crise moral: a banalização e a tolerância do mal. A indiferença, a injustiça, a crueldade e o preconceito são expressos cotidianamente, em redes sociais e na mídia em geral. Christophe Dejours, psiquiatra e psicanalista francês, usa a expressão “banalização do mal” com o mesmo sentido que a filósofa Hannah Arendt a empregou no passado enquanto um processo de tolerância social para com o mal e a injustiça. O autor compara tal indiferença àquela vivenciada no período do nazismo em que o mal foi “desdramatizado” e as pessoas comuns, adotaram comportamentos inaceitáveis em outras épocas, tornando-se colaboradores ativos ou permissivos, na execução do mal a outros. Este processo de banalização se concretiza por meio da passividade, indiferença e resignação à injustiça e ao sofrimento.

     Mas, e hoje, os tempos são outros? Há que se refletir acerca de nossas práticas e posicionamentos enquanto propagadores e/ou meros curtidores desses absurdos nas redes, para que não venhamos a reproduzir, seja sutil ou descaradamente, essa banalização do mal que ressurgiu com força e parece que veio para ficar. Resta a cada um de nós refletirmos acerca do que queremos para a nossa sociedade e para as gerações futuras neste planeta que não nos pertence - mas que, a cada dia, se torna mais inóspito e cruel, e do qual nos arvoramos senhoras e senhores absolutos. É hora de pensar melhor. Reflitamos.



sábado, 31 de maio de 2014

A COPA É NOSSA, APESAR DOS VIRA-LATAS!



Estou aqui remoendo recordações e lembrando que a minha primeira grande decepção na vida foi a eliminação da Seleção Brasileira na Copa de 1982. Naquele fatídico dia, comecei a amar incondicionalmente a Seleção Brasileira, embalada que estava pela raiva que sentia da seleção italiana. E fico aqui pensando: será que nossa geração irá negar tais emoções à garotada de agora? E se sim, em nome de quê? Será que a garotada de hoje vai virar adulta sem vivenciar o que é torcer pelo Brasil em uma Copa do Mundo? No país da bola e do futebol, hoje está causando vergonha em alguns, torcer pela Seleção Brasileira; esses poucos, mas barulhentos, preferem a vil tentativa de melar a festa, de detratar o Brasil perante os turistas que já estão desembarcando. E tudo em nome daquele “complexo de vira-lata” tão bem explicado por Nelson Rodrigues; o  termo, criado a partir do trauma vivido pelos brasileiros na derrota para o Uruguai na final da Copa de 1950, traduz muito mais do que o futebol, segundo Rodrigues: traduz a inferioridade em que o brasileiro se coloca, perante o resto do mundo.
Hoje, mais de 60 anos da Copa de 1950, o Brasil é outro mundo e, apesar de convivermos com sérios e graves problemas, muita coisa melhorou principalmente no que diz respeito à erradicação da miséria e à valorização da educação. Mas ainda há aqueles que preferem ver o Brasil através do retrovisor, e continuam a utilizar aqueles velhos jargões: "Só no Brasil mesmo""É por isso que esse país não vai pra frente!""o problema é o povo brasileiro". Falar mal de si e da terra natal, ao lado do futebol, também é uma antiga paixão nacional do brasileiro. E nesses dias que antecedem a Copa do Mundo, é muita churumela produzida por pessoas que preferem usar do artifício do “quanto pior, melhor”, dando inclusive um viés eleitoreiro ao seu viralatismo. 
Mas não apenas as pessoas entraram nessa: há empresas que também estão fazendo esse papel – como a Ellus, marca de roupa que, ao lançar sua coleção primavera-verão, apropriou-se da onda indignatória contra a Copa e lançou a campanha: "# Protesto Ellus: Abaixo Este Brasil Atrasado". E, nesse caso específico a empresa é tão medíocre, que esqueceu que ela própria utiliza mão de obra escrava nas suas confecções – então, quem é o atrasado aqui, cara pálida?
E continuarmos a assistir, dia-após-dia, através da mídia e das redes sociais, uma enxurrada de reclamações acerca dos atrasos nas obras, dos valores muito acima do previsto, processos e problemas de infraestrutura. Ok, problema existem, mas qual foi o país onde tudo aconteceu a tempo e às mil maravilhas? Querem exemplo? Na Inglaterra, a reconstrução do estádio de Wembley foi palco de inúmeros atrasos, no final a obra custou o equivalente a dois Maracanãs e foi palco da morte de um operário. Aí tem o caso do atraso no estádio da Polônia, por ocasião da Eurocopa de 2012, e por aí vai. Tudo igual em todos os lugares, os atrasos e superfaturamentos não são exclusividade do Brasil. O que precisa sim, é que os desmandos e roubalheiras sejam apurados – mas tentar melar o evento, jamais!
É público e notório que, no Brasil, o que não falta é problema: a violência campeia por todos os bairros das grandes e médias cidades, a droga está ceifando vidas de milhares de jovens, a corrupção continua a florescer em todos os rincões; no Brasil, há ainda uma enorme desigualdade social, aliada à má qualidade dos serviços públicos. Mas o complexo de vira-lata de muitos impede que eles enxerguem os avanços alcançados pelo Brasil. E a elite brasileira, por sua vez, não gosta nada do que está acontecendo no país: combate-se a pobreza, o povo começa a sair da miséria, os pobres estão se misturando aos ricos nos aeroportos, e, pasmem!, colocando seus filhos para estudar nas universidades. É claro que isso é inaceitável para a elite, que prefere ter aquele grande contingente de pobres como reserva de mercado, para preencherem os cargos de porteiro, frentista, faxineira, empregada doméstica...
A Copa deveria servir para mostrar ao mundo o que o Brasil tem a oferecer e a nossa luta em combater problemas seculares; mas não, o viralatismo que ainda impera entre nós, impede ações proativas, querem anular o nosso papel enquanto país anfitrião. Estou aqui imaginando um turista estrangeiro, que veio curtir o evento futebolístico, tomar spray de pimenta e porrada! Gente, isso é inconcebível, o brasileiro não se pode voltar contra si mesmo! Gerar o caos na Copa pode trazer consequências terríveis para a economia do país, sempre atrelada à confiança externa. E, desde o ano passado, percebi que tais manifestações de rua nada tem a ver com legítimas reivindicações: a real intenção é desgastar a presidenta Dilma, numa manobra orquestrada pela elite, que vai para as ruas em nome da continuidade de mais de 500 anos de dominação e exploração.
Para lutar pelos nossos direitos, não precisamos ser inimigos do nosso país, não! E para quem quer defender a oposição,  também não precisa sair trucidando o Brasil, onde já se viu? Mas, caso você persista em fazer palhaçada e continuar espalhando um falso armagedom, me faça ao menos um favor: não seja hipócrita ao ponto de ver o jogo na TV! 
Enfim, está chegando a hora e nós, que somos todos mais Brasil, não podemos ser intimidados pelos que sequer sabem do que se envergonham. Termino com uma frase que pesquei na internet, ao mesmo tempo em que peço desculpa aos verdadeiros vira-latas, cães fieis, que jamais fazem um gesto de deslealdade para com seus companheiros humanos.
"A Copa deveria servir como vitrine de um país empenhado em resolver seus problemas, e não como Muro das Lamentações do viralatismo nacional."


* Fabiana Agra é advogada, jornalista e escritora.

sábado, 17 de maio de 2014

Fabiana Agra diz que "Picuí é de rocha"


A escritora Picuiense Fabiana Agra finalizou na manhã do dia 16 de maio de 2014, o segundo livro sobre Picuí: “PICUÍ DO SERIDÓ: SÉCULO XX”. Em  contato com  à redação do blog Setor Mineral em Foco, ela adiantou que escreveu um capítulo sobre as incidências minerais no município de Picuí.

Esse capítulo começa falando acerca das inscrições rupestres encontradas no antigo município de Picuí, oportunidade em que a escritora comenta sobre as teorias acerca da origem dos primeiros habitantes do Seridó e sobre os sítios rupestres da região, arrematando com as incursões feitas por José de Azevedo Dantas, Carnaubense que primeiro catalogou os sítios rupestres do Seridó Oriental paraibano. Ainda sobre arqueologia, há algumas considerações que foram feitas pelo arqueólogo paraibano Vanderley de Brito, acerca da “Pedra de Retumba”, localizada em Pedra Lavrada, e a transcrição do sítio “Cachoeira do Pedro”, feita pelo arqueólogo Raoni Bernardo Maranhão Valle.

Ao falar especificamente sobre a atividade mineral no município de Picuí, Fabiana Agra escreve sobre os minérios da Paraíba, do Seridó e de Picuí, além de descrever a situação atual da atividade mineral Picuiense, oportunidade em que utiliza artigos do técnico em mineração  e também Picuiense, Antonio de Pádua Sobrinho e do geólogo e professor do IFPB, Francisco de Assis Souza, que atentam para o fato de que, devido a exploração das jazidas no município de Picuí ser feita essencialmente a céu aberto, sem planejamento, através de garimpos, a atividade termina gerando grandes impactos ambientais, “tornando-se um enorme desafio ao paradigma atual de desenvolvimento sustentável, uma vez que a degradação ambiental se dá a passos largos pela lavra predatória, trazendo como consequência a destruição do habitat natural, desperdícios e exaustão acelerada dos bens minerais, problemas socioeconômicos e de saúde do trabalho para as famílias envolvidas na pequena mineração”.
Arrematando o capítulo, a escritora tenta responder à pergunta sobre a existência de urânio em Picuí e sobre a contaminação pessoal nas pequenas minerações pelos minérios radioativos: urânio e tório, através da descrição do projeto desenvolvido pela física Valéria Pastura e o geólogo Thomas Campos.

“Picuí é de rocha, é da rocha que vem a sua história e a sua força econômica e turística”. É preciso conhecer para valorizar a história da  “terra do minério”, disse a escritora.

Em relação ao lançamento do livro, Fabiana Agra explicou que vai organizar os capítulos, mas já adiantou que, pelo que já viu, terá que dividir o trabalho em dois volumes, pois o material produzido rende um livro com mais de 600 páginas, o que é totalmente inviável para uma boa visibilidade do trabalho. A capa já está pronta e foi uma criação do web designer Picuiense Dalverne Macedo. Após a definição do formato, o livro seguirá para a gráfica. “Provavelmente entre os meses de setembro e outubro estarei lançando o livro em Picuí, João Pessoa e Natal”, disse Fabiana.

Via Setor Mineral em Foco

quinta-feira, 8 de maio de 2014

FESTA DE INAUGURAÇÃO DO PICUÍ CLUBE


FESTA DE INAUGURAÇÃO DO PICUÍ CLUBE:
um resgate histórico de Picuí.

por Fabiana Agra *

No próximo sábado, dia 10 de maio de 2014, a direção do Picuí Clube promoverá a festa de inauguração do salão de eventos “Francisco Cavalcanti de Assis”. O evento terá como atração principal a melhor banda show-baile do norte-nordeste, a ORQUESTRA PRIME’S e a participação de Altemar Martins (ex-Banda Feras) e Deto Edina & David Fagner.

A festa será um resgate da história da agremiação, através da entrega da comenda “Otávio Henriques” a dezenas de picuienses que contribuíram para o engrandecimento da entidade. Os homenageados com a comenda serão: Abílio César de Oliveira, Aluísio Henriques de Araújo, Alzenado Macedo, Amando Cunha, Amauri Farias, Amauri Sales de Melo, Cleone Fernandes, Dalfran Vale, Demétrio Lima de Farias, Fenelon Luz, Francisco Cavalcanti de Assis, Felizardo Bezerra de Medeiros, Francisco Celso Dantas, Gilberto Henriques da Fonseca, Heleno Henriques de Araújo, Jesualdo Gomes Andrade, Joaquim Vidal de Negreiros, José Líbio Dantas, José Pereira da Costa, José Ronaldo de Oliveira, Maria Dirce Dantas Silva, Moisés Costa, Omar Luiz Henriques da Costa, Otávio Henriques da Costa, Ozila de Oliveira Porto, Paulo Henriques de Araújo, Pedro Henriques Sobrinho, Pedro Tomaz de Medeiros, Raimundo Sales de Melo, Sebastião José de Medeiros, Sebastião Tibúrcio de Lima e Valdemiro Macedo Cruz. Alguns dos homenageados já faleceram e suas famílias receberão a homenagem póstuma.

A direção do Picuí Clube também criou o prêmio “E. Montanhês”, uma referência ao picuiense Francisco Eduardo de Macedo, ex-prefeito e um dos ícones da cultura picuiense e que usava esse codinome. O prêmio será conferido às pessoas que se destacaram nas áreas cultural e política e, em sua primeira edição, homenageará Morib Macedo, neto de Eduardo Macêdo e um dos jornalistas mais conceituados da imprensa paraibana; o atual prefeito de Picuí, Acácio Araújo Dantas que, dentro dos limites constitucionais, não mede esforços para atender os pleitos da agremiação; o ex-prefeito Buba Germano, responsável pela permuta de um terreno situado no Bairro Limeira e que pertencia ao Picuí Clube (e que se encontrava totalmente invadido por habitações clandestinas), pelo terreno onde atualmente está sendo edificada a nova sede da instituição; e Gilma Germano que, na condição de deputada estadual, muito incentivou nas intermediações que culminaram na construção da nova sede do Picuí Clube.

O salão de eventos “Francisco Cavalcanti de Assis” é uma homenagem prestada ao advogado mais conhecido como “Chico do Correio”, grande responsável em retomar a posse dos prédios do Picuí Clube que, no ano de 2006, estavam em poder de terceiros e que, não fosse o combate persistente de seu Chico, os imóveis teriam sido perdidos para pessoas inescrupulosas.

Assim, a festa de inauguração da nova sede do Picuí Clube será um marco para a cidade de Picuí pois, diferentemente das décadas passadas, o local será um espaço democrático, onde ninguém mais será barrado por circunstâncias raciais, políticas ou sociais – como assim o era num passado nem tão distante. A partir da inauguração do espaço, uma nova era nascerá para os picuienses, já que a agremiação pretende também resgatar os eventos culturais e artísticos presentes na história do clube, além de se constituir uma nova opção de lazer para todos os munícipes.



* Fabiana Agra é advogada e jornalista.

domingo, 27 de abril de 2014

VALÉCIA: UMA ESTRELA ASCENDENTE


Valécia Estrela, cantora e compositora, é filha de Aparecida e Raminho Balbino e neta de Antônio Costa. Ela nasceu em Mato Grosso, comunidade rural de Picuí, na Paraíba e ainda criança parte para Brasília e São Paulo junto a seus pais e quatro irmãs. Em 1998 a família retorna para a Paraíba e com apenas 12 anos de idade, Valécia começa a compor suas primeiras canções, inspirada nos versos de seu avô, poeta e cantador de viola.





Residindo em Brasília desde 2003 e com mais de 100 músicas compostas em seu currículo, no ano de 2011 Valécia começou a divulgar o seu trabalho musical, passando a interpretar suas próprias canções. Em relação ao nome artístico, a compositora explica que sua paixão por estrelas vem de pequena, devido a uma brincadeira de escola na qual acabou adotando a palavra “estrela” em seu nome; já o prenome “Valécia” foi dado pelo pai, que precisou de criatividade depois de encarar ter cinco filhas; como disse a cantora: “meu pai compôs meu nome”.
Em 2014, Valécia Estrela mudou seu nome artístico para "Amora" e lançou  “Pelo Mundo” – gravada em parceria com o cantor brasiliense Tiago Faim. A música já é sucesso nas rádios de Brasília e a tendência é que, muito em breve, a picuiense Valécia seja alçada à condição de cantora revelação da MPB.





Nos últimos dias, a Rádio Sisal FM de Picuí vem fazendo uma ampla divulgação dos trabalhos da cantora picuiense e através de uma reportagem do blog Portal do Curimataú, os membros do grupo AMIGOS DE PICUÍ começaram a interagir com Valécia, que em maio lançará seu CD em Picuí.  Agora é hora de divulgar e torcer pela nossa conterrânea, afinal é de letra de qualidade que estamos falando. É a MPB voltando a respirar.
  


SOBRE O FÓRUM DA COMARCA DE PICUÍ - Parte II




Em 05 dezembro de 2013, após uma ausência de mais de 15 dias por motivo de viagem, quando cheguei ao Fórum da Comarca de Picuí, fiquei decepcionada ao constatar que a situação do Poder Judiciário em nossa comarca só havia piorado. Na ocasião, publiquei uma nota nas redes sociais, que depois foi compartilhada vários blogs – Portal do Curimataú, Click Picuí, Blog Serra de Cuité, entre outros – onde apontei os inúmeros problemas: a insuficiência de serventuários; a existência de centenas de processos atrasados; a situação precária das dependências do fórum; a inexistência de um depósito judicial, fazendo com que a sala do júri fosse transformada num “sucatão” onde se amontoavam motocicletas, equipamentos de som, e outros objetos apreendidos; entre outros problemas.
Naquela oportunidade, expliquei que, na condição de advogada, jamais poderia representar contra qualquer uma daquelas pessoas que trabalhavam na Comarca de Picuí, já que era testemunha do stress acumulado e das noites insones vividas pelos técnicos judiciários, além de saber da preocupação e das tentativas de resolver o problema por parte de Philippe Vilar, juiz substituto à época. Finalmente, fazia um apelo à Corregedoria Geral de Justiça da Paraíba e ao Tribunal de Justiça, no sentido de que alguma medida fosse tomada e com urgência, pois os municípios de Picuí, Baraúna, Pedra Lavrada, Nova Palmeira e Frei Martinho eram merecedores de um tratamento mais digno por parte do Poder Judiciário.
No dia seguinte, fui convidada pela direção da Rádio Sisal FM de Picuí para conceder uma entrevista – ocasião em que repeti todos os problemas enfrentados pelo Poder Judiciário da nossa Comarca, ao mesmo tempo em que conclamei os demais colegas para, juntos, pensarmos em uma providência a ser tomada por parte dos advogados que atuam em Picuí. Coincidência ou não, no dia 08 de dezembro de 2013 – um domingo – o Fórum de Picuí recebeu a visita da presidente do Tribunal de Justiça da Paraíba, desembargadora Fátima Bezerra Cavalcanti, que constatou, in loco, a precariedade com que a Comarca de Picuí funcionava e prometeu, para breve, várias providências com vistas a solucionar ou pelo menos amenizar a situação.
Passados mais de quatro meses da visita da presidente do Tribunal de Justiça ao Fórum de Picuí, em relação ao que ficara acertado, ao menos de forma visível só pude constatar a vinda de mais uma serventuária para a Comarca. Na última sexta-feira resolvi averiguar a situação e, durante uma conversa informal com o novo juiz substituto, José Jackson Guimarães (titular da 2ª Vara da Comarca de Cuité), fui informada de que existem atualmente 5.292 ações tramitando em Picuí, sendo que 1.964 processos se encontram conclusos para despacho! Apesar de ter chegado a menos de um mês na comarca, dr. Jackson imprimiu uma grande celeridade nos despachos e decisões, mas é preciso que se faça um mutirão de servidores para que se possa dar cumprimento a esses despachos, além da presença de mais um promotor substituto na Comarca. Somente com essas duas medidas emergenciais é que advogados e constituintes começarão a ver os seus pleitos serem atendidos com o mínimo de eficácia e celeridade – dois fundamentos basilares do Poder Judiciário brasileiro.
Enquanto medidas realmente eficazes não forem tomadas por quem de direito, o meu apelo continuará ecoando, na defesa do atendimento dos pleitos apresentados ao Poder Judiciário; afinal, não são advogados e serventuários os únicos prejudicados com a situação vivenciada no Fórum de Picuí – é a sociedade a parte vitimizada nessa história, é o povo da nossa Comarca que está sendo vilipendiado e espoliado do direito a uma prestação jurisdicional dentro dos ditames da Constituição Brasileira.

* Fabiana Agra é advogada e jornalista.