Na tarde desta quarta-feira, 2 de
dezembro, o presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou
o pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff, feito pelos
juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Jr. e Janaina Paschoal. O peemedebista
disse a aceitação do pedido tem "natureza técnica" e que não havia
como adiar mais a decisão sobre a questão. A decisão foi tomada horas depois de
o líder do PT na Câmara, o acreano Sibá Machado, anunciar que os três integrantes
do partido no Conselho de Ética votarão, em sessão marcada para a próxima
terça-feira, 8 de dezembro, pela admissibilidade do pedido de cassação de
mandato de Cunha, apresentado pelo PSol.
Logo após a coletiva de imprensa em que Cunha,
aceitou dar prosseguimento ao pedido de impeachment contra a presidenta,
deputados do PT e PCdoB afirmaram que recorrerão ao STF para impedir o
andamento do processo.
O deputado Rubens Pereira Junior (PCdoB-MA) disse que o STF já decidiu que não há rito estabelecido para o impeachment e que, então, Cunha estaria proibido de decidir. Já o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) disse que o ato de Cunha é revanchista e que será questionado no STF e nas ruas. “O Brasil não pode ser alvo de chantagem”, disse. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), declarou que a abertura do processo de impeachment é “uma retaliação de baixo nível ao Governo e ao PT”. Para Humberto, o deputado só tomou a iniciativa contra a presidenta hoje depois de saber que os deputados do PT integrantes do Conselho de Ética iriam votar a favor da continuidade das investigações sobre as denúncias que pesam contra o peemedebista.
O deputado Rubens Pereira Junior (PCdoB-MA) disse que o STF já decidiu que não há rito estabelecido para o impeachment e que, então, Cunha estaria proibido de decidir. Já o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) disse que o ato de Cunha é revanchista e que será questionado no STF e nas ruas. “O Brasil não pode ser alvo de chantagem”, disse. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), declarou que a abertura do processo de impeachment é “uma retaliação de baixo nível ao Governo e ao PT”. Para Humberto, o deputado só tomou a iniciativa contra a presidenta hoje depois de saber que os deputados do PT integrantes do Conselho de Ética iriam votar a favor da continuidade das investigações sobre as denúncias que pesam contra o peemedebista.
O PMDB, por sua vez, tem
espaço para muitas opiniões: o deputado federal Jarbas Vasconcelos do PMDB pernambucano, disse
que a abertura de processo de impeachment anunciada pelo presidente da Câmara, é
resultado do fracasso generalizado do dirigente; "Ele tentou chantagear a
oposição, não conseguiu e partiu forte para cima do Governo e do PT querendo a
mesma coisa e fracassou, portanto, o processo em voga é fruto do fracasso
generalizado", observou; Jarbas disse que Cunha é um "chantagista
cínico". Já o senador Roberto Requião do PMDB paranaense
minimizou, através do Twitter, a abertura do processo de impeachment da
presidenta Dilma Rousseff: "A oposição porra louca fez 99 votos na câmara
na META. Portanto não há que se preocupar com impeachment", disse.
Enquanto isso, a oposição comemora e apóia a decisão de
Cunha. Diversos
deputados de oposição falaram a favor da decisão do presidente da Câmara dos
Deputados, de aceitar o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff por crime
de responsabilidade: “A presidente Dilma fez o governo da maneira mais
populista e irresponsável que um governante pode ser”, disse o líder do
Solidariedade, deputado Arthur Oliveira Maia (BA). O líder do DEM, deputado
Mendonça Filho (PE), disse que o Parlamento precisa parar para refletir sobre
uma “matéria de interesse do País”. O líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio
(SP), também comentou o pedido de impeachment. “Não se trata de uma luta das
oposições contra a presidente. Não se trata de um golpe institucional. São
preceitos constitucionais. Quem disse que os pressupostos estavam presentes não
foi o presidente Eduardo Cunha, foram os juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale
Jr., junto com a doutora Janaína”, disse Sampaio.
“Foi melhor assim”, afirmou
a presidenta. Em uma primeira avaliação com seus assessores, Dilma Rousseff disse
que pelo menos agora acabou a indefinição que estava “imobilizando” o governo e
que o Palácio do Planalto deve traçar uma estratégia para derrotar o pedido de
impeachment . Além de se preparar para enfrentar a votação contra o pedido de
impeachment na Câmara o governo avalia ainda ir ao STF (Supremo Tribunal
Federal) contra a decisão de Cunha, alegando vingança do deputado e que não há
crime de responsabilidade a ser imputado à Dilma. Aliados da presidenta, porém,
temem que a Corte decida que não cabe aos ministros do STF um parecer sobre o
tema ou mesmo que há, sim, crime de responsabilidade da presidenta.
Finalmente, o ministro
Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal logo que soube da decisão de
Cunha, afirmou que o presidente da Câmara não tem o poder de dar andamento ao
processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. De acordo com o ministro,
o papel de Cunha é dar um parecer técnico sobre o pedido, que deverá ser
posteriormente analisado e aceito, ou não, por uma comissão. "Ele não toca
o processo, quem toca é o colegiado. Não há esse poder do presidente da Casa
receber ou não receber a notícia da prática que leva ao impeachment",
explicou Marco Aurélio. Ele afirmou que cumpre agora a Cunha constituir uma
comissão, que deve ser formada, tanto quanto for possível, por parlamentares de
todos os partidos. "O colegiado deve dizer se o pedido merece ou não
deliberação e enviar de volta à comissão para que ela determine o recebimento
ou não", disse o ministro.
Em entrevista
ao Estadão, Aldo Fornazieri (professor da Escola de Sociologia e
Política de São Paulo) afirmou que a decisão de Eduardo Cunha de dar encaminhamento ao
pedido de impeachment contra a presidenta Dilma poderá mergulhar o País numa
convulsão política e grave crise institucional. “Trata-se de um ato de aventura
política, um ato de chantagem consumada e de vingança. Nesse contexto,
independentemente das razões fundamentar tal pedido, o processo nasce
contaminado pela marca do golpe político”.
Fornazieri vai além em sua análise, problematizando o seguinte: qual
será a conduta dos partidos, principalmente da oposição, encaminhamento de um
processo de impeachment de uma pessoa sem legitimidade e de uma decisão movida
vingança? “Se esse encaminhamento prosperar, abrir-se-á um grave precedente
para o futuro do País e a própria legitimidade processo político estará em
risco. O sistema político como um todo e a oposição em particular estarão
colocando político imediato e mediato”, disse o professor, que ainda arrematou:
“Mas não é só isto: os partidos e os líderes estarão colocando em jogo as suas
histórias e as suas biografias. a sua dignidade em face de um ato de aventura e
de irresponsabilidade de um político que não tem nenhum não se pronunciar com
urgência, o País terá pela frente meses tormentosos. Meses de incerteza
política e econômica e social. Esse processo de impeachment, tal como foi
encaminhado e dada a gravidade de sua provocar muitas perdas e nenhum ganho”.
Enquanto fico
zapeando pelos diversos jornais e coletando informações para a presente
matéria, fico imaginando o palco armado para essa nova tentativa de golpe. Até Jarbas Vasconcelos, o
"dissidente" do PMDB mais à oposição ao governo Dilma, não se sentiu
confortável para apoiar a reação de um deputado investigado contra a presidenta
legitimamente eleita, enquanto o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani,
disse que o impeachment não tem fundamento jurídico. Já os deputados Hugo
Motta, Manoel Junior e Wellington Roberto, do PMDB paraibano – os três
mosqueteiros de Cunha –, pelo jeito continuarão apoiando o presidente da Câmara
com garras e dentes. A briga dentro do próprio PMDB promete.
Eu só sei de uma coisa:
chegou a hora. Finalmente chegou a hora de enfrentarmos as forças nefastas de
uma direita conservadora e achacadora dos direitos humanos e das minorias. É hora
de Dilma começar o combate e chamar para junto de si as alas progressistas que
acreditam em um Brasil melhor para todos.
Que comecem os jogos. Estou
pronta.
* Fabiana Agra é advogada e
jornalista
Fontes: Folha, Estadão e
redes sociais.
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