Em menos de uma semana, a
gangorra do pedido de impeachment de Dilma Rousseff (aceito pelo presidente da
Câmara dos Deputados Eduardo Cunha no último dia 02/12) parece ter dado uma
forte sacudida, depois do “vazamento” da carta-sofrência do vice Michel Temer,
primeiro traidor-mor brasileiro no século XXI. Na tal carta, o vice de Dilma se
mostra ressentido, magoado, por ter sido menosprezado durante 5 anos – parece
até coisa de amor mal-resolvido, vai lá saber, na altura do campeonato... Temer
poderia ter se saído melhor sem essa carta-testamento, que acabou de enterrar a
sua medíocre história política, renegando-o ao lixo da História, ao lado de
Silvério dos Reis.
Mas a carta-sofrência de Temer teve
o condão de desequilibrar o jogo em favor de Eduardo Cunha – aguardem os
próximos movimentos dos enxadristas -, além de desmascarar o próprio missivista
e de mostrar o esqueleto no qual são sustentados os políticos brasileiros: o
poder apenas pelo poder.
E de uma coisa a gente pode ter
certeza: Temer não é golpista, isso não! Um vice que abandona o seu posto no
momento mais crítico da história de sua gestão, não pode levar a pecha de
golpista, mas sim, de TRAIDOR! É que cada um tem o seu papel nessa história
nebulosa que está sendo a derrubada de Dilma – o papel de Temer é o de ser o
666, o belzebu, o anjo caído, o mequetrefe, enfim – o traíra...
Um desses inúmeros estadistas
planeta afora já vaticinou no passado, que a política adora uma traição, mas
não perdoa os traidores. Concordo. Porém, não se enganem, a tal carta-sofrência
de Temer sinaliza mais que uma simples traição e sempre para algo mais à
direita: significa que a maioria dos peemedebistas abandonou o navio, como
ratos que são. Os ratos deixam o navio, capitaneados pela ratazana-mor Michel
Temer – que demonstra com seu ato, o que se espera da maioria dos políticos
brasileiros: enriquecimento e empoderamento de tais crápulas, sanguessugas do
nosso povo, só isso e somente só.
Não obstante e independente dos
desdobramentos da crise, a tal carta acabou de destruir Michel Temer perante à
opinião pública, é fácil comprovar tal fato através das redes sociais – e é
isso que eu estou aquilatando, só de ver a tal da “zoeira” no Twitter e no
Facebook. Renato Rovai, por sua vez, acabou de vaticinar: “Dilma pode cair, mas
Temer não sairá maior deste processo. Ele caiu hoje”.
Eu digo mais: com a tal carta
“vazada”, Michel Temer desnudou-se e mostrou a verdadeira face do protótipo do
político nível médio brasileiro: aquele quer lucrar muita grana, que barganha
todos os cargos possíveis e imagináveis e que quer os méritos de tais só para
si; mas o principal feito de Temer foi um só: o de desnudar a verdadeira face
das coligações político-partidárias brasileiras e toda a podridão que as
envolvem.
As cartas estão lançadas, e já
antevejo uma futura condenação de Dilma Rousseff no TSE. Porque “eles” querem
que ela caia. Porque eles precisam que ela caia. E ela vai ter que cair.
Simples assim.
* Fabiana Agra é advogada e jornalista
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