Por Fabiana Agra *
Os Panicopas
Existe
uma campanha em curso contra a Copa 2014 no Brasil. A “turma do contra” é
pequena, mas está fazendo um barulho grande, pois estão tendo o apoio da mídia
PIG e de alguns governos estaduais e municipais (o estado do Paraná e a
prefeitura de Curitiba, por exemplo, abandonaram as obras da “Arena da Baixada”,
praticamente comprometida como sede); há também a cartolagem da Fifa, que em
nada está contribuindo para melhorar a situação.
No
entanto, como diz o cientista político Antonio Lassance, ”a campanha anticopa não seria nada sem o bombardeio de informação
podre patrocinado pelos profetas do pânico”. O objetivo desses falsos
profetas não é prever nada, mas incendiar a opinião pública contra tudo e
contra todos, inclusive contra o bom senso. E esses “panicopas” ou profetas do
pânico da Copa, estão levando consigo muita gente boa, mas que anda
desinformada em relação à Copa do Mundo no Brasil. E essas pessoas,
infelizmente, ao entrarem nesse clima de desinformação, estão espalhando ódio e
descrença na competência do Brasil sediar o evento. E os profetas do pânico na
Copa agradecem.
O que Aécio e Eduardo
Campos têm a dizer ao movimento #naovaitercopa? Quem costumava acompanhar os
noticiários da época sabe que os candidatos da oposição, Aécio Neves e Eduardo
Campos, são favoráveis à realização da Copa no
Brasil, já que ambos se esforçaram ao máximo para que Minas e Pernambuco
tivessem posição de destaque no torneio! No entanto, nenhum dos dois condena os
atos de violência ocorridos nos últimos dias, principalmente em São Paulo; e há
quem diga que ambos torcem para que uma nova rodada de protestos ajude a
viabilizar um segundo turno...
Quem são os manifestantes anti-Copa,
afinal?
É bobagem chamar esses "protestos" de
"anti-Copa", convenhamos! Os atuais protestos são, na verdade, anti-PT,
anti-governo (federal) e antidemocracia; estão sendo realizados para queimar a
imagem de Lula e Dilma, e orquestrados por alguns reacionários que sentem
saudades da ditadura militar, por alguns "esquerdistas" de partidos
"revolucionários", e, é claro, por alguns políticos que não se
conformam em ter perdido as benesses do poder, além de uns poucos ex-petistas que
querem se vingar a todo custo do partido.
O que ninguém consegue entender, no entanto, é como
esses jovens que participam de tais movimentos quebram estabelecimentos
comerciais e pontos de ônibus, além de incendiar veículos de trabalhadores.
Talvez seja porque esse grupinho do contra não está preocupado com nada que
diga respeito ao povo, são sociopatas que buscam apenas o caos. Em minha
pesquisa para produzir o presente texto, vi o comentário do paulista Vanderlei Victorio: “Conversei com vários integrantes
do movimento, mas nenhum quis gravar entrevista. Contudo, consegui a informação
de que, em grande parte, eram militantes do PSOL, do PSTU e da Rede (de Marina
Silva). Cartazes contra políticos, só vi contra Lula e Dilma. Aproximei-me do
bar e comecei a conversar com as pessoas. Quase nenhuma me permitiu gravar.
Tive que pedir a mais de dez pessoas até encontrar quem aceitasse. Porém,
recusaram-se a dar nomes. Absolutamente todas as pessoas com quem conversei
disseram que querem a Copa no país. E disseram que nem dão bola para essas
manifestações que acontecem toda hora e que são ‘esquisitas’ e ‘violentas’”. Victorio arremata
dizendo “acredito
que essa tática do grupo ‘Não Vai Ter Copa’ está sendo muito mal recebida pela
sociedade. O efeito eleitoral que os grupos políticos por trás desse movimento
pretendem pode se mostrar inverso ao que buscam”.
A Copa do Mundo no Brasil
Antonio Lassance, doutor em Ciência
Política, escreveu um artigo primoroso sobre o tema, contra-argumentando cada
falácia dos “panicopas”. O texto, de tão bom, serve como base para o presente
tópico. **
1. O dinheiro que o Brasil está
gastando com estádios deveria estar gastando com saúde e educação
A
“Copa” vai consumir quase 26 bilhões de reais. A construção de estádios (8 bilhões)
é cerca de 30% desse valor. Os
outros 70% dos gastos da Copa não são em estádios, mas em infraestrutura,
serviços e formação de mão de obra. Os gastos com mobilidade urbana
praticamente empatam com o dos estádios. O gastos em aeroportos (6,7 bilhões),
somados ao que será investido pela iniciativa privada (2,8 bilhões até 2014) é
maior que o gasto com estádios. Já o Ministério que teve o maior crescimento do
volume de recursos, de 2012 para 2013, não foi o dos Esportes (que cuida da
Copa), mas sim a Secretaria da Aviação Civil (que cuida de aeroportos). Quase 2
bilhões serão gastos em segurança pública, formação de mão de obra e outros
serviços. Ou seja, o maior gasto da Copa não é em estádios. Quem acha o
contrário está desinformado e, provavelmente, desinformando outras pessoas.
Lassance
lembra que os “recursos a serem gastos em
estádios seriam úteis a outras áreas. Mas se os problemas do Brasil pudessem
ser resolvidos com 8 bi, já teriam sido”. Enquanto isso, no ano de 2013, os
recursos destinados à educação e à saúde cresceram. Em 2014, vão crescer de
novo. Portanto, o Brasil não irá
gastar menos com saúde e educação por causa da Copa. Ao contrário, vai gastar
mais. Não por causa da Copa, mas independentemente dela. No que se refere à
segurança pública, também haverá mais recursos para a área. Aqui, uma das
razões é, sim, a Copa.
E
o cientista político lança o desafio: “Se
alguém quiser ajudar de verdade a melhorar a saúde e a educação do país, ao
invés de protestar contra a Copa, o alvo certo é lutar pela aprovação do Plano
Nacional de Educação, pelo cumprimento do piso salarial nacional dos
professores, pela fixação de percentuais mais elevados e progressivos de
financiamento público para a saúde e pela regulação mais firme sobre os planos
de saúde. Se quiserem lutar contra a corrupção, sugiro protestos em frente às
instâncias do Poder Judiciário, que andam deixando prescrever crimes sem o
devido julgamento, e rolezinhos diante das sedes do Ministério Público em
alguns estados, que andam com as gavetas cheias de processos, sem dar a eles qualquer
andamento”.
Lassance
continua: Marchar em frente aos estádios,
quebrar orelhões públicos e pichar veículos em concessionárias não tem nada a
ver com lutar pela saúde e pela educação. Os estádios, que foram malhados como
Judas e tratados como ícones do desperdício, geraram, até a Copa das
Confederações, 24,5 mil empregos diretos. Alto lá quando alguém falar que isso
não é importante. Será que o raciocínio contra os estádios vale para a também
para a Praça da Apoteose e para todos os monumentos de Niemeyer? Vale para a
estátua do Cristo Redentor? Vale para as igrejas de Ouro Preto e Mariana? Havia
coisas mais importantes a serem feitas no Brasil, antes desses monumentos
extraordinários. Mas o que não foi feito de importante deixou de ser feito
porque construíram o bondinho do Pão-de-Açúcar?”
Mas a turminha dos "anti-Copa" insiste em
dizer que a verba para a Copa está saindo "da Saúde e da Educação" ou
que deveriam ir para “a Saúde e a Educação”. Mas, para quem ainda não sabe, a
arrecadação de impostos do governo federal brasileiro no ano de 2013, foi de
mais de um trilhão de reais; da mesma forma, no ano de 2012 também foram
arrecadados cerca de um trilhão de reais, o mesmo ocorrendo no ano de 2011. Então,
como as obras com a Copa não aconteceram todas de uma vez, apenas em um único
ano, elas vem ocorrendo desde 2010, todos os gastos com o evento equivalem a
menos de 1% do que foi arrecadado pelo governo federal nos anos de 2011, 2012 e
2013.
Agora vamos para a educação, pegando como base
apenas o FUNDEB – Fundo de
Desenvolvimento da Educação Básica. Somente nos anos de 2011 e 2012, o governo
federal repassou a Estados e municípios, através do FUNDEB, para investimentos
na Educação Básica, a quantia de mais de 92 bilhões de reais. Então panicopas, é
bom inventarem outra desculpa, essa não cola mais, faz tempo!!!
2.
O Brasil não está preparado para sediar a Copa, os turistas estão com medo
de vir para o evento
Se alguém porventura ainda não sabe, o Brasil já
sediou uma Copa do Mundo, sim, sediou, foi em 1950. Se naquela época o Brasil
deu conta, por que motivo iria fracassar agora? E a Copa das Confederações que
foi realizada dentro dos conformes no ano passado, não serviu como teste? Mas
tem mais: se recebeu muito mais gente na “Jornada
Mundial da Juventude”, em uma só cidade – Rio de Janeiro –, porque teria
dificuldades para receber um evento com menos turistas, e espalhados em mais de
uma cidade? Só para lembrar, a Alemanha, sim, a poderosa Alemanha, foi vítima
de atentados terroristas em Munique, nos Jogos Olímpicos de 1972. E o império
americano então? Quem ainda se lembra do atentado ocorrido durante a Maratona
Internacional de Boston, em 2013? Tem mais: quem se lembra de como o Papa
Francisco ficou vulnerável durante o percurso entre o aeroporto e o centro do
Rio, quando o carro que o transportava ficou preso entre ônibus e centenas de
fieis? O que aconteceu? Nada! O papa foi saudado e tocado por dezenas de
pessoas e passou incólume por toda a falha de segurança ocorrida durante sua
chegada.
Até
mesmo em relação às manifestações legítimas que certamente irão ocorrer, o
Brasil não vai dar vexame desde que os governadores de cada estado “convençam seus comandantes da PM a usarem a
inteligência antes do spray de pimenta e a evitar a farra das balas de borracha”.
É claro que certamente ocorrerão inúmeros problemas, eles
ocorrem todo santo dia – a diferença aqui é como esses problemas serão
enfrentados durante a Copa do Mundo.
Em
relação ao turismo, o Brasil é conhecido pela cordialidade com que trata os
turistas e visitantes estrangeiros – pode até não saber falar inglês, mas todo
mundo acaba se entendendo e eu duvido que algum turista seja hostilizado – já
roubado aí é outra história. Um dado importante é que o turismo para o Brasil
cresceu 5,6% em 2013, acima da média mundial. Foi um recorde histórico (a
última maior marca havia sido em 2005). O Brasil recebeu mais de 6 milhões de
estrangeiros. Em 2014, só a Copa deve trazer meio milhão de pessoas. De quebra, o Brasil ainda foi colocado
em primeiro lugar entre os melhores países para se visitar em 2014, conforme o
prestigiado guia turístico “Lonely Planet”. E a principal razão para a
sugestão, claro, só podia ser a Copa.
3. Muita coisa não vai ficar pronta
a tempo e se ficar é um desperdício de dinheiro público!
Em
relação ao desperdício de dinheiro para a Copa, a internauta Mariana Monteiro
de Bastos levanta vários argumentos que deitam por terra o pânico da “turma do
contra”. A
primeira constatação feita por Mariana: o governo federal não gastou um centavo
sequer do Orçamento da União com a construção e reformas de estádios, já que
eles foram reformados ou construídos a partir de uma combinação de recursos
privados (no caso de estádios pertencentes a clubes, como o Beira-Rio, a Arena
da Baixada e o Itaquerão), recursos de governos estaduais, e empréstimos
concedidos por instituições financeiras pertencentes ao governo federal, como
BNDES, Caixa Econômica e Banco do Brasil. Assim, nem um único centavo para
obras de estádios saiu do Orçamento Geral da União.
É claro que alguém que esteja lendo este artigo irá
dizer: "ah, mas é dinheiro federal do mesmo jeito, o dinheiro emprestado
pelo BNDES, Caixa Econômica, etc.." Não, claro que não é a mesma coisa! O BNDES,
a Caixa Econômica, o Banco do Brasil, apesar de serem instituições pertencentes
ao governo federal, são bancos, emprestam dinheiro que é pago com juros. O
BNDES, a Caixa e o BB tem os seus próprios ativos, que não tem nada a ver com o
dinheiro do Orçamento do governo, e para que esses ativos aumentem, eles fazem
o que todo banco faz, que é emprestar dinheiro, para depois ser pago com juros.
Sim,
sei que muitas coisas não ficarão prontas antes da Copa – ultimamente estive em
Fortaleza e Rio de Janeiro e pude comprovar essa afirmação, verdadeiros
canteiros de obra – mas esse não é um grave problema. Lassance chama a isso de
“legado”: são
investimentos em aeroportos, portos, ruas, avenidas, túneis, pontes, viadutos,
corredores de ônibus e outras obras de mobilidade urbana. Todos esses
investimentos vão trazer benefícios para as populações das cidades-sede da Copa
durante muitos anos após a copa ter terminado, lembra Mariana de Bastos, e eu concordo
com ela, quando a Copa acabar, as novas avenidas, os viadutos, as pontes, os
aeroportos ampliados, e todos os demais investimentos vão continuar lá,
servindo para melhorar a vida da população.
Sim, é claro que vai ter Copa!
Há
os mascarados que pegaram carona nos protestos de junho de 2013 e, de lá para
cá, quebram e botam fogo em tudo que vêem pela frente. Há também os “descarados”,
que são aqueles que noticiam o que não sabem e fingem dublar a “voz das ruas”,
enquanto as ruas hostilizavam as emissoras e jornais do PIG. Antonio Lassance
lembra que tudo isso fez com que um sentimento estranho tomasse conta dos
brasileiros. Pela primeira vez na história, os brasileiros não discutem a data
dos jogos, os grupos, ou a escalação dos times de cada seleção. O que todos querem saber é se tudo dará certo e se
haverá paz durante a competição. É o verdadeiro pânico instalado entre os
torcedores, pânico espalhado pelos profetas do pânico que, nos últimos anos,
vivem de rogar praga em todas as esferas do Governo Federal: disseram que em
2013 haveria um grande apagão, que o Brasil não conseguiria cumprir sua meta de
inflação etc. e tal. Erraram feio em todas as profecias,
mas insistem na maldição da hora, a maldição do “não vai ter copa”. Mas esse
terror não pode continuar!
Estamos
quase no mês de fevereiro e às portas da Copa do Mundo. Chegou a hora de quem
ter orgulho de ser brasileiro começar a desmascarar esses oportunistas
que querem usar da pregação anticopa para atingir objetivos que nunca foram o
de melhorar o país. Chegou a hora de combater esses oportunistas, evitar que
eles consigam desmoralizar o Brasil. E termino este chamamento usando as
palavras do picuiense José Amauri Dantas:
“A Copa do Mundo no Brasil precisaria ser diferente do resto
do mundo, sim, não porque ainda existem moradores de rua e crianças fora da
escola, mas porque o futebol corre nas veias do povo brasileiro, inclusive de
muitos que são religiosos e não deixaram de torcer pelos seus times, assim
como, provavelmente, alguns não se livraram dos seus vícios e costumes, pois,
nesse outro ‘campo’, dizem que o importante são as intenções. Portanto, se a
Copa do Mundo tem seu lado negativo, já aconteceu. Os gastos, superfaturados ou
não, já foram feitos. Agora, seria o cúmulo da estupidez se o Povo Brasileiro
abrisse mão de usufruir do lado positivo que torna o evento tão cobiçado no
mundo inteiro."
P.S.: Eu já comprei a minha camisa e me inscrevi para assistir Brasil X México em Fortaleza; o sorteio acontecerá em fevereiro e eu não vejo a hora de ver meu nome na lista para, pela primeira vez na vida, ver de perto a Seleção Brasileira jogar em uma Copa do Mundo, porque amo futebol desde que me entendo por gente.
* Fabiana Agra é advogada e jornalista.
Clique aqui para conferir na fonte: http://www.cartamaior.com.br/?/Coluna/Vai-ter-Copa-argumentos-para-enfrentar-quem-torce-contra-o-Brasil/30090
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